Suiá Missú: Policiais cumprem ordem de despejo em quatro fazendas sem resistência

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Produtores começam a retirar equipamentos após notificação – Foto: José Medeiros
Produtores começam a retirar equipamentos após notificação – Foto: José Medeiros

Olhar Direto

Pelo menos quatro propriedades rurais foram alvo dos trabalhos de desintrusão tocados pela Força Nacional de Segurança e pela Polícia Federal nas terras de Suiá Missú, nesta terça-feira (11), na região nordeste de Mato Grosso. As fazendas são localizadas entre as rodovias MT-242 e BR-080.

No segundo dia de ação para retirada dos não-índios dos 165 mil hectares prestes a serem devolvidos ao povo xavante, os agentes federais não encontraram qualquer resistência por parte dos ocupantes, diferente do que ocorreu na tarde de segunda-feira – quando um confronto entre moradores e policiais com armas de efeito moral ganhou repercussão nacional.

De acordo com o produtor Naves Bispo Júnior, um dos líderes do movimento de resistência, a ação policial desta terça-feira só não foi acompanhada pelos moradores devido ao ‘clamor’ feito pela associação dos produtores locais para que a população não se envolvesse em mais um episódio de violência. A logística de acesso à área também ficou comprometida devido à forte chuva que caiu desde a madrugada sobre as rodovias, que não são pavimentadas.

Segundo relato do próprio Naves, um dos que receberam a “visita” dos agentes foi o dono de um pequeno restaurante localizado na BR-080, em frente à fazenda Morumbi, conhecido como Dilson.

A esposa dele, segundo Naves narra, chegou a clamar de joelhos para os policais por um tempo a mais para poder retirar suas coisas. “Foda-se”,teria respondido um dos agentes, argumentando que estava lá para cumprir uma ordem judicial e que 24 horas seria o máximo possível para a saída – ainda segundo reportou Naves, que visitou Dilson logo após a ação.

Propriedades

Nesta quarta-feira, Dilson deve se tornar o primeiro despejado de Suiá Missú a integrar o programa de reforma agrária previsto para a área. Ele teve sua construção incendiada com todos os seus pertences meses atrás e estava reformando-a. Além da área dele, foram alvo da ação policial as fazendas “Conquista”, “Colombo” e “Dois Irmãos”.

Para todos os proprietários que receberam as forças policiais nesta terça foi concedido prazo de 24 horas para a retirada. A expectativa é de que nesta quarta-feira os agentes da Força Nacional – junto à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal e com auxílio do Exército – promovam os trabalhos de cumprimento da ordem judicial de despejo em áreas contíguas às que começaram a ser desocupadas nesta terça-feira.

A ordem judicial determina a retirada de todos os não-índios atualmente ocupando as terras da gleba Suiá Missú, demarcada como terra xavante pelo governo federal em 1998. Há uma população de número controverso na região: cerca de 7 mil, segundo os produtores, e 2,5 mil, segundo o Incra e o IBGE. Uma verdadeira cidade marca o centro da área, denominada distrito Estrela do Araguaia (Posto da Mata).

A Funai informou, por meio do site oficial, que a equipe que cumpre a decisão judicial segue atuando normalmente. A meta para hoje era de atingir quatro propriedades, o que foi cumprido, apesar dos bloqueios em rodovias que cortam a região e da chuva que caiu sobre Suiá Missú na manhã de hoje.

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