Teste: Renault Kwid Outsider em busca dos 20 km/litro

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Nova versão do compacto traz melhorias e itens estéticos; faltava o teste do consumo
O Renault Kwid já passou por muitas provas aqui no site: teve teste da versão intermediária Zen, avaliação off-road do Intense, comparativo contra o Fiat Mobi e até prêmio como melhor indicação de compra no Seleção Motor1.com de 2018, na faixa até R$ 45 mil. Faltava, porém, nosso teste de consumo intitulado “Em busca dos 20 km/litro”, no qual colocamos na estrada os carros mais econômicos do país. Aproveitamos então o lançamento da versão Outsider na linha 2020 do hatch para fazê-lo.

Mostrado como conceito no Salão do Automóvel de 2016, o Kwid Outsider voltou ao Salão de 2018 na versão final e agora enfim chega às lojas. Apesar do apelo aventureiro, ele não traz nenhuma mudança mecânica em relação aos demais modelos. Mas há novidades que se estendem ao restante da linha, como os freios a disco agora ventilados na dianteira (e com servofreio maior) e o console central redesenhado, com um porta-copos e duas divisões – melhor que o anterior onde os objetos ficavam soltos.

Antes de ir para a estrada, uma olhada no Outsider mostra que o objetivo de deixá-lo mais “off-road” foi atingido, mas os benefícios são quase todos estéticos. O principal diferencial fica pela dianteira com ar mais robusto evidenciado pela presença da proteção inferior pintada de prata (imitando um “peito de aço”) e os nichos dos faróis de neblina mais destacados. Nas laterais, os adesivos das demais versões foram substituídos por (verdadeiros) protetores laterais de borracha, enquanto as calotas agora são pretas (em vez de cinza como na versão Intense). Na traseira, o para-choque repete a solução da dianteira, deixando o estilo mais robusto. Pecado é a barra do teto não ser funcional: um adesivo colado nela já avisa que não foi feita para levar carga…


Internamente, o Outsider propõe um acabamento mais alegre com apliques em laranja no volante, portas e pomo do câmbio, além de os bancos terem detalhes também na cor laranja e o logotipo com o nome da versão bordado no encosto. Já a multimídia se difere por trazer a desejada conexão Apple CarPlay e Android Auto, enquanto a entrada USB passou para o porta-objetos na parte inferior do painel – melhor porque o cabo não fica mais pendurado na central.

No dia do teste, liguei o Waze na multimídia e já garanti que não tinha nenhum imprevisto na estrada que inviabilizasse nossa prova de consumo. Para quem não conhece, este teste é feito com gasolina no tanque e percorre cerca de 240 km de estrada, num percurso de ida e volta da capital paulista até Tatuí, no interior do estado. O ponto de partida é o primeiro posto da rodovia Castelo Branco sentido interior, onde o Kwid foi abastecido com 100% de gasolina (na verdade, nossa “gasolinol” com até 27,5% de etanol) e teve a pressão dos pneus conferida. Zerado o hodômetro, partimos rumo a Tatuí.


A primeira parte da viagem é feita a 100 km/h constantes, velocidade na qual o Kwid faz seu motor 1.0 tricilíndrico trabalhar a cerca de 3.000 rpm em quinta marcha. Nas paradas de pedágio, as retomadas são feitas sempre de forma suave, respeitando a luz de troca de marcha que o pequeno Renault possui para ajudar na economia. Além deste recurso, o Kwid tem um econômetro na parte inferior do cluster, que varia sua cor entre verde (condução econômica), laranja (média) e vermelho (ruim). O computador de bordo é bem completo, mostrando consumo médio, instantâneo e até os litros consumidos, sendo uma boa referência para acompanhar o teste.

O Kwid é um carro com clara preferência pelo uso urbano, onde ele fica mais à vontade, mas na estrada a 100 km/h até ele que vai bem. Não há incômodo de vibração ou ruído do motor, enquanto a potência de 70 cv e o torque de 9,8 kgfm dão conta do carrinho de apenas 806 kg, sem fazer com que ele pareça lento ou incapaz nos aclives e ultrapassagens. Os ventos laterais afetam um pouco a estabilidade, mas nada que comprometa.
Uma das novidades que logo se faz notar é a melhoria dos freios. Antes, o pedal era um tanto borrachudo, dando a impressão de que o sistema era fraco – apesar de, nos testes, o espaço de frenagem ter sido bom desde nossa primeira medição. Agora com servofreio maior, o pedal responde mais rápido e acaba com a impressão de que o “Kwid não tem freio”, além de os discos dianteiros agora ventilados aguentarem mais frenagens seguidas sem apresentar fadiga. De fato, o modelo variou pouco a metragem de parada em nossas medições de frenagem consecutivas. Mas o resultado final, em si, ficou muito próximo da versão Zen testada anteriormente: 41,3 metros quando vindo a 100 km/h, contra 40,8 metros do antigo.
Chegando a Tatuí, o computador de bordo já adiantava que o Kwid iria se sair bem na prova, chegando a mostrar mais de 21 km/litro em algumas ocasiões. Na hora de fechar o consumo, no posto, veio a confirmação: consumindo 5,1 litros para rodar exatos 102 km, o Outsider conseguiu a média de 20 km/litro em cima da linha! Após algumas fotos, era hora da volta.

Seguindo a metodologia do teste, a volta para a capital paulista é feita conforme nosso teste de consumo padrão: 120 km/h em última marcha, no caso a quinta. Neste ritmo mais puxado, no limite de velocidade da rodovia, o Kwid já expõe mais os seus limites. O conta-giros passa para a casa das 4.000 rpm e a oscilação da carroceria pelo vento ou ao passar por caminhões é mais sentida, embora o ruído na cabine ainda se mantenha em níveis aceitáveis, considerando que estamos num carro popular.
Nas subidas, o Kwid já sua para manter os 120 km/h sem fazer reduções de marcha, mostrando que a adoção do motor do Sandero (com variador de fase na admissão e escape, que rende 82 cv e 10,5 kgfm) seria um bom diferencial para esta versão mais cara. Mas, basta não deixar o giro cair muito que as respostas ainda são agradáveis.

Antes mesmo da parada final para abastecimento, o computador de bordo mostrava que o consumo havia subido bem, com médias na casa de 16 km/litro. Dito e feito: no trajeto de volta o Kwid consumiu 6,2 litros para percorrer os mesmos 102 km, o que lhe rendeu uma média de 16,4 km/litro. Apesar do aumento acima de 20% em relação à média obtida a 100 km/h, ainda foi um bom resultado. Confira abaixo a tabela com os números:
Velocidade Combustível gasto Consumo médio Custo por km (ANP) a 100 km/h 5,1 litros 20,0 km/litro R$ 0,21 a 120 km/h 6,4 litros 16,4 km/litro R$ 0,27 Total: 11,5 litros 17,7 km/litro R$ 0,25 Preço gasolina (ANP): R$ 4,37 litro        Em resumo, como não há mudança técnica entre o Outsider e os demais Kwid, as médias de consumo também podem ser consideradas para as versões mais baratas. Aliás, apesar de ter gostado do visual externo e dos detalhes em laranja da parte interna, eu ainda ficaria com a versão Zen se fosse comprar um Kwid. Por R$ 38.790, ele já tem direção elétrica, ar-condicionado, vidros elétricos e sistema de som. Os R$ 43.990 já começam a soar um pouco salgados para um modelo que nasceu com a proposta de ser barato.

MOTOR dianteiro, transversal, 3 cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, comando duplo sem variador, flex POTÊNCIA/TORQUE 66/70 cv a 5.500 rpm / 9,4/9,8 kgfm a 4.250 rpm TRANSMISSÃO manual de cinco marchas; tração dianteira SUSPENSÃO independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira RODAS E PNEUS aço com calotas, aro 14″, pneus 165/70 R14 FREIOS discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD PESO 806 kg em ordem de marcha DIMENSÕES comprimento 3.680 mm, largura 1.579 mm, altura 1.474 mm, entre-eixos 2.423 mm CAPACIDADES tanque 38 litros; porta-malas 290 litros PREÇO R$ 43.990 MEDIÇÕES MOTOR1 (GASOLINA)         Aceleração     0 a 60 km/h 6,0 s   0 a 80 km/h 10,0 s   0 a 100 km/h 15,0 s   Retomada     40 a 100 km/h em 3a 14,0 s   80 a 120 km/h em 4a 18,6 s   Frenagem     100 km/h a 0 41,3 m   80 km/h a 0 26,2 m   60 km/h a 0 14,6 m   Consumo     Ciclo cidade 13,2 km/l    Ciclo estrada 16,4 km/l