Réu é condenado a pena de 15 anos e seis meses em regime fechado por assassinato de jornalista

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*Jornalista Auro Ida, assassinado em 2011
*Jornalista Auro Ida, assassinado em 2011

Do: Olhar Jurídico

 
Após mais de seis horas de julgamento do Tribunal do Júri de Cuiabá condenou Evair Peres Madeira Arantes- “Baby”, 22, a pena de 15 anos e seis meses de reclusão em regime fechado pelo assassinato do jornalista Auro Ida. O júri Iniciou às 8h45 desta quinta-feira, o crime aconteceu em julho de 2011.

O Júri Popular, foi presidido pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, é composto por duas mulheres e cinco homens. O representante do Ministério Público Estadual (MPE) foi o promotor João Augusto Gadelha.

O defensor público, Marcio Bruno Teixeira Xavier de Lima, sustentou, sem êxito a tese de inocência do acusado. “Não existem provas que mostrem a participação do Evair no crime. A testemunha ocular não o reconheceu. A Bianca (namorada de Auro) disse em juízo que foi pressionada pela polícia para apontar o réu como o atirador”, informou ao Olhar Jurídico.

A defesa apresentou três testemunhas: Josias Renan, Gislaine Neres e Deivid Wilian Campos, que entraram em contradição durante os interrogatórios.

Josias, que trabalhava no bar “Copo Sujo”, localizado no bairro Jardim Fortaleza, disse que na noite do crime serviu Evair, que estaria acompanhado de outras pessoas, entre elas a testemunha Deivid. O rapaz disse ainda que não se recordava a hora que o réu tinha ido embora do bar, mas se lembrava que ele tinha se ausentado do local por algumas vezes.

Já Deivid disse ter chegado ao bar no início da noite, acompanhado de Evair e outro rapaz, apontado pelo apelido de “Zóio”. A testemunha afirmou que ficou no bar por volta das 22h30, acompanhado do réu, que teria saído do local algumas vezes para fazer uso de entorpecentes.

Tribunal do Juri
Tribunal do Juri

A jovem Gislaine afirmou que esteve na casa de Evair na noite do crime e que o mesmo estava em casa, juntamente com os familiares. Os depoimentos foram confrontados pelo representante do MPE, que afirmou que as testemunhas estavam se contradizendo e pareciam atuar mais como testemunhas de acusação, devido a informações desencontradas e que de nada serviram para montar um álibi ao acusado.

Veja aqui como foi o julgamento completo:

A juíza interrogou Evair, que confirmou estar no bar Copo Sujo, juntamente com Deivid e Zóio, porém informou um horário diferente do revelado pelas testemunhas. Segundo o depoimento, ele teria ficado no local até mais ou menos meia noite.
O condenado disse ainda que foi até o local a pé, pois não possui bicicleta e que as vezes usa a bicicleta da mãe, porém não neste dia, pois a mesma estava quebrada.

O rapaz negou ser o autor dos disparos e que jamais mataria uma pessoa, ainda mais por um valor baixo, já que ele trabalhava fazendo bicos.

Acusação

Durante o debate o promotor Gadelha sustentou que todos os indícios, provas e testemunhas apontam para Evair como o executor do homicídio. Tese que é reforçada pelo reconhecimento de Bianca, testemunha ocular do crime. “Ela só não o reconheceu de imediato pois ficou com medo de ser a próxima vítima. Ela sabia que o local era perigoso. A turminha era feito por homicidas, traficantes, ladrões. Ela teve medo e com razão. Somente por isso que ela disse para a polícia que tinha apenas 70% de certeza de que era Evair, mas na verdade ela sabia sim. Apenas temia pela vida”.

O promotor revelou que o crime foi puramente passional. “O Auro Ida dava uma de gavião, saindo com todas as menininhas do bairro. Um bairro pobre, violento e por isso despertou a ira”.

“O pagamento do crime seria uma arma e mais R$1,5 mil”, revela o promotor. “Ninguém vai querer vir aqui e dar uma de herói, até porque o Auro Ida já morreu e não vai mais sustentar ninguém. Sabemos que logo após o crime a Bianca voltou a viver com Rubens. Ele até pagou as contas dela”, disse o promotor.

Outra tese apresentada pela promotoria é de que 40 pessoas que tiveram o testemunho tomado pelas autoridades, todas apontaram Evair, Rubens, Alessandro e Rafael como os autores do crime.

Defesa

O defensor público Marcio Teixeira retoma o debate dizendo que não há provas contra o réu. “Aqui não estamos julgando Rubens, Rafael, Alessandro ou qualquer outra pessoa. O julgamento é sobre o Evair e posso garantir que não há provas contra ele. As acusações devem ser sustentadas com provas, o Ministério Público deve trazer provar e não suposições”.

“O fato é que a imprensa pressionou muito a polícia para encerrar essas investigações e apontar um culpado. A imprensa esteve o tempo todo cobrando a polícia, tanto que foi decretado o segredo de Justiça”, disse Teixeira.

Teixeira disse que não há provas nos autos, e nem testemunhais que comprovem que Evair é o autor do crime. O defensor negou que Evair foi o autor dos disparos e pediu a absolvição do réu.

A tese de Teixeira não foi acatada pelos sete jurados, que condenaram o réu por unânimidade, a cumprir uma pena de 15 anos e seis meses de reclusão em regime inicialmente fechado.

A defesa informou ao Olhar Jurídico que vai analisar o caso e decidir se recorre ou não da condenação.

O crime:

O jornalista Auro Ida foi assassinado com seis tiros pistola, na madrugada do dia 23 de julho de 2011.

Ele foi alvejado com quatro tiros nas costas, um na nuca e um na boca.

Ele e sua namorada, Bianca Naiara, estavam em frente à casa dela, no carro do jornalista, por volta das 23 horas, numa rua escura do bairro Jardim Fortaleza.

Segundo Bianca, um rapaz apareceu de bicicleta e pediu para ela entrar na casa.

Ela obedeceu e ouviu os tiros. Ao voltar, encontrou o namorado morto.

Em outubro de 2012, a Justiça decretou a prisão dos acusados, Rubens Alves de Lima, Evair Peres Madeira Arantes, o “Baby”, e Alessandro da Silva Paz, e a internação de Rafael Aparecido de Amorim.

Auro foi articulista do Olhar Direto, secretário de Comunicação da Prefeitura e da Câmara de Cuiabá, além de repórter político do jornal “A Gazeta”.

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