Primeiro confronto revigora ânimos da resistência em Suiá Missú; os dois lados saíram feridos

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Do: Olhar Direto

Fotos: José Medeiros/ Olhar Direto

 

Primeiro confronto revigora ânimos da resistência em Suiá Missú; os dois lados saíram feridos
O primeiro confronto entre moradores da gleba Suiá Missú e agentes da Força Nacional e da Polícia Federal reanimou os ânimos da resistência à desintrusão de não-índios da demarcação Xavante Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso.

O saldo do intenso embate desencadeado no início da tarde de segunda-feira (10) foi de mais de dez moradores feridos por armamento não-letal por parte dos posseiros e pelo menos quatro policiais atingidos por pedradas. Apesar dos números, os moradores se sentem os vitoriosos da ‘primeira batalha’.

A sensação de êxito no primeiro embate pode por mais lenha na fogueira do risco de morte na região. Agora, os posseiros estão mais confiantes de que podem parar a operação com uma ação popular.

O sentimento de vitória ficou mais evidente horas depois do embate, quando os moradores da gleba assistiram juntos às imagens do confronto em uma televisão colocada sob um toldo improvisado. Os residentes do Posto da Mata, no distrito de Estrela do Araguaia, vibravam a cada cena de recuo da polícia ou de bravura dos seus aliados.

Um dos destaques da batalha foi um senhor que tentou arrancar uma arma de calibre 12 milímetros das mãos de um membro da Força Nacional. ‘Prego’, como é conhecido no local, partiu para cima do agente mesmo sendo alvejado na perna e na barriga por balas de borracha. O oficial recuou alguns passos e o manifestante fez a investida; chegou a apanhar a arma, mas acabou sendo derrubado e agredido. Perdeu a disputa, mas ganhou moral.

Ocupação do Alemão

Outro ponto que levantou as expectativas dos moradores foi o entendimento de que a ação popular foi a responsável por impedir as forças repressoras de montar acampamento na fazenda do pecuarista Antônio Mamed Jordão, o ‘Alemão’.

Sua propriedade foi a primeira abordada para a desintrusão e foi em frente a sua porteira que se travou a guerra de pedras e balas de borracha entre policiais e população. Ao chegar no local, o grupo responsável pela operação começou a negociar a saída do dono da propriedade e ficou acordado um prazo de 15 dias para a retirada do local. Enquanto isso, uma base operacional seria levantada pelas forças policiais ali.

“Eles queriam montar uma base aqui na minha fazenda para aproveitar a minha estrutura. Me deram 15 dias e falaram que iam ficar aqui e eu disse que não, ai eles falaram que eu não tenho que falar nada porque eu estou passando por uma desocupação”, conta Alemão.

A fazenda do Alemão seria um ponto estratégico para os militares. O local é apenas 21 km distante do Posto da Mata e tem casas que poderiam ser ocupadas, além de gerador próprio de energia. Após o confronto, os policiais recuaram.

Vice-prefeita ferida

A vice-prefeita eleita de Alto Boa Vista, Irene Maria da Rocha (PSD), foi encaminhada para São Felix do Araguaia após passar mal no meio do confronto. Ela não chegou a ser baleada, mas caiu em frente à fazenda do Alemão e acabou desmaiando.

Quando a vice-prefeita estava caída e consciente, um policial passou e disparou spray de pimenta em seu rosto. A ação causou revolta na população, que agora planeja, de todas as formas, ‘pegar’ o “policial gordinho”, como ficou conhecido. “Tô assim pra arrebentar esse gordinho”, exclamou, esfregando as mãos, um dos moradores de Posto da Mata que revia, na tela da TV, as imagens da vitória sobre a polícia.

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