Preço do leite pago ao produtor sobe 11,1%

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Lucro na atividade ainda é pequeno devido à elevação dos preços dos insumos
O preço pago ao produtor de leite em março deste ano registrou um incremento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados fornecidos pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O valor do litro de leite fechou o mês a R$ 0,80, ante R$ 0,72 do mesmo período do ano passado. Fábio Mezzadri, pesquisador do Deral, afirma que para os próximos meses, a tendêndia é de que os valores se mantenham ainda em patamares elevados, principalmente porque o período de entressafra praticamente já começou. Em abril, afirma o pesquisador, o preço seguiu estável na casa do R$ 0,80/l, contra R$ 0,77 em abril de 2011.

De acordo com Mezzadri, um dos fatores que motivou a elevação no valor do litro do leite foi a estiagem que ocorreu no início do ano. Segundo ele, a queda na qualidade das pastagens reduziu a captação do produto em muitas regiões do País. Com isso, acrescenta o pesquisador, o valor do produto se elevou. Mesmo com uma diminuição na oferta, Mezzadri aponta que esses efeitos já proporcionam uma certa rentabilidade ao setor.

Entretanto, a elevação dos preços do litro de leite não tem sido motivo de comemoração para aqueles que produzem. Valdeir Martins, produtor da região de Londrina, destaca que os custos de produção também acompanharam esse aumento. ”Hoje o produtor recebe, em média, R$ 0,80/l, mas o custo de produção gira em torno de R$ 0,75”, lamenta. Martins sublinha que a explosão do preço da soja e do milho encareceu muito a atividade. ”Infelizmente a tendência é de que os valores desses insumos continuem em alta”. Martins acrescenta, contudo, que até a próxima entressafa não há perspectiva de queda nos preços dos insumos.

A pesquisadora Aline Ferro, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), explica que os problemas climáticos vêm afetanto a produção de leite no Paraná desde o ano passado. Em 2011, o índice de captação do Estado caiu em torno de 2%. ”Nesse início de ano, verificamos menos disponibilidade de leite no mercado”, explica. Para complicar ainda mais a situação, Aline completa que o consumo ficou bem restrito no início do ano.

Atualmente, afirma Mezzadri, o Paraná, que hoje possui 114 mil produtores, é o terceiro maior produtor de leite do País, com uma produção anual de 3,6 bilhões de litros. O Estado, de acordo com o Deral, fica somente atrás de Minas Gerais (8,4 bi) e Rio Grande do Sul (3,63 bi). Mezzadri destaca que o Paraná tem uma participação de 11,7% da produção brasileira de leite.

Mercado dividido

De acordo com um estudo realizado pelo Cepea, a menor oferta de leite nas principais bacias leiteiras aumentou a competição pela matéria-prima entre os laticínios e cooperativas. Segundo uma pesquisa realizada pela entidade, 56% das indústrias consultadas acreditam em uma estabilidade de preços daqui em diante. Mas para 40% dos agentes financeiros consultados pelo Cepea, há uma grande chance do setor ter uma nova alta de preços

 

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