MPF diz que Cabral recebeu quase R$ 145 milhões de propina em esquema no transporte do RJ

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Do: Globo

Ministério Público ofereceu mais duas denúncias contra o ex-governador e mais 23 investigados na Operação Ponto Final, da Lava Jato.

*Procuradores detalham esquema de corrupção desvendado com a Operação Ponto Final (Foto: Fernanda Rouvenat / G1 Rio)

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi denunciado mais duas vezes pelo Ministério Público Federal por centenas de crimes de lavagem de dinheiro, contra o sistema financeiro e organização criminosa. De acordo com o órgão, há provas de que, a partir da “caixinha de propina”, 26 empresas de ônibus fizeram repasses a políticos de mais de R$ 250 milhões entre janeiro de 2013 a fevereiro de 2016. Além de Cabral, outras 23 pessoas também foram denunciadas.
As investigações apontaram que a propina da Fetranspor destinou R$ 144,7 milhões para Cabral entre julho de 2010 e outubro de 2016, além de R$ 43,4 milhões de julho de 2010 a fevereiro de 2016 ao ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro (Detro) Rogério Onofre.
De acordo com a denúncia, os crimes contaram com a participação decisiva da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado, que reúne 10 sindicatos, como o Rio Ônibus.
A Força-Tarefa da Lava Jato ainda pediu que, junto com a condenação dos denunciados, a Justiça determine o bloqueio de pelo menos R$ 520 milhões para reparar os danos causados pela organização com esses crimes.
Com os repasses, empresários como José Carlos lavouras, Jacob Barata Filho, Lélis Teixeira, Marcelo Traça e João Augusto Monteiro garantiam a hegemonia no setor de transportes, benefícios na política tarifária e de gestão desse serviço público.
Ainda de acordo com a denúncia, para desviar recursos e remetê-los ao exterior, a organização se estruturou em quatro núcleos interdependentes: econômico (donos de empresas de ônibus à frente da Fetranspor); administrativo (gestores do Estado que pediam vantagens indevidas pagas por empresários); financeiro-operacional (responsáveis por operações para lavar ativos); e político (ex-governador e líder da organização).
A propina era recolhida nas garagens das empresas de ônibus e, muitas vezes, guardadas em transportadoras de valores. Entre os fatos narrados na denúncia estão a concessão do aumento das passagens de ônibus intermunicipais em 7,05% e o desconto de 50% no IPVA das empresas de ônibus em janeiro de 2014.

 

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