Nervos exaltados, muita discussão, agressão verbal. Assim ficou marcado o manifesto que por exatas 30 horas que bloqueou a BR-174 e praticamente ‘fechou’ o município de Castanheira, na região Noroeste de Mato Grosso. O protesto foi realizado por produtores rurais, principalmente agropecuaristas, e também comerciantes da cidade. Eles reclamam de prejuízos com a morosidade no processo de investigação sobre um suposto caso de febre aftosa na região.
O protesto começou na segunda-feira, às 8 horas. Os envolvidos fecharam a rodovia nos dois sentidos. O movimento parecia pacífico até chegar ao segundo dia, quando alguns veículos tentaram furar o bloqueio. O dono de uma camionete Hilux, que não quis se identificar, ficou alterado, e fez inclusive ameaças aos manifestantes, dizendo que estava armado. Precisou ser contido pela Policia Militar, que fazia a segurança do protesto.
Na terça-feira, altos funcionários do Governo de Mato Grosso e do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) chegaram ao local do protesto e abriram negociação da pauta de reivindicação dos pecuaristas. Depois de horas expostos ao sol escaldante, onde novamente teve discussões acaloradas, agressões verbais, ficou decidido que o Indea irá reunir mais equipes para acelerar o processo de visitas às propriedades interditadas. São 49 ao todo.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou 36 casos de estomatite vesicular animais de Mato Grosso. Todos são provenientes de 6 propriedades focos do município de Castanheira, no norte do estado. As suspeitas da doença surgiram há pouco mais de um mês, quando foram detectados sinais clínicos compatíveis com a síndrome vesicular em um muar, considerado caso provável de estomatite. Houve a confirmação para a doença em uma fêmea de 24 meses submetida a exame no laboratório agropecuário.
Desde que a investigação sanitária foi iniciada, o Instituto interditou 125 propriedades rurais em Castanheira porque elas apresentaram animais com a sintomatologia da doença ou porque estavam em um curto raio de distância da primeira propriedade onde surgiu o problema. Em pouco mais de um mês, três mil animais foram inspecionados.
Conforme o Instituto, as fazendas permanecerão interditadas por até 21 dias após o último animal doente. Isto porque o período de manifestação dos sintomas varia em média duas semanas.
Estes não são os primeiros casos de estomatite vesicular registrados em Mato Grosso. Em 2008 um foco foi confirmado em Cocalinho. A doença foi identificada, à época, em sete animais de cinco propriedades. Além de Mato Grosso, focos de estomatite vesicular em animais foram confirmados nos estados da Bahia, Piauí e Maranhão, segundo o Ministério da Agricultura. Desde maio deste ano, os casos da doença não precisam ser notificados para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
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