Expresso MT
Audiência pública ampliou discussão sobre horário de funcionamento de comércio varejista em Lucas do Rio Verde
Centenas de trabalhadores do comércio varejista de Lucas do Rio Verde participaram ontem da audiência pública proposta pela Câmara Municipal onde foi debatida a possibilidade de redução na jornada de trabalho aos sábados. Atualmente os comércios de confecção funcionam até às 15 horas.
Durante cerca de 1 hora, eles opinaram e ouvir as colocações de gerentes e responsáveis por empresas do município. De forma quase unânime, houve a defesa na redução do horário de atendimento ao público em até três horas, com o fechamento das lojas ao meio-dia. Dessa forma, os comerciários acreditam que seriam liberados a partir das 13 horas.
A vendedora Deborah Oliveira é uma das que defendem essa redução. Ela diz que as trabalhadores cumprem duas ou até três jornadas diferenciadas, atuando no comércio, nas residências e até estudando. Por isso, a liberação mais cedo possibilitaria maior tempo de convívio em família e na manutenção das tarefas domésticas que ficam acumuladas durante a semana. “A gente chega em casa cansada, sem disposição para cuidar dos filhos, do marido”, opinou a trabalhadora.
Oliveira cita que o consumidor tende a se acostumar com a provável mudança de horário, adequando seu tempo ao funcionamento do comércio. Ela lembrou que há casos de consumidores que deixam para visitar as lojas no sábado a tarde apenas para ver vitrines. A operadora de caixa reclamou que diversas vezes pessoas foram até à loja onde trabalha por volta das 15 horas, ficou cerca de uma hora no interior do estabelecimento e saiu praticamente de mãos vazias. Na sua função específica, após o fechamento das portas do comércio há muita coisa a se fazer até encerrar, de fato, seu expediente. “Ás vezes saio da loja 5h30, 6 horas da tarde. Sou totalmente a favor (da redução)”, defende a trabalhadora, acreditando que a redução no horário não influenciará na quantidade de vendas.
Por outro lado, o vendedor Francisco Abreu o ideal seria manter o horário de funcionamento, observando que há um grande público que sai às compras no início da tarde de sábado. Em sua opinião, a redução no horário de funcionamento pode prejudicar os próprios trabalhadores que atuam com vendas, já que alguns têm metas estabelecidas pelas empresas para cumprir e assim melhorar seus salários. “Imagine se no final do mês que cai num sábado e a gente tenha uma meta de venda e até às 11 horas deste sábado não foi cumprida a meta, fica uma situação difícil”, declarou.
Redução de salários
Presente à audiência, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Lucas do Rio Verde, Edênio Bassani, disse que acompanhou os debates como ouvinte e que levaria os tópicos abordados durante o debate ao conhecimento dos associados da entidade. Ele destacou que o horário de funcionamento atende apenas os comércios varejistas e de confecções. Bassani alertou que a redução no horário de funcionamento aos sábados pode significar perdas para os próprios trabalhadores. “Pode se perder vendas, mas há redução na carga tributária e nos direitos trabalhistas. Há também que se analisar que o trabalhador vai perder rentabilidade. O salário dele, que é acrescido de horas extras, alguns adicionais, também vai estar perdendo com a redução da carga de trabalho”, adverte.
Encaminhamentos
A proposta defendida pelos comerciários vai embasar a Proposta de Emenda a Lei complementar que define o horário de funcionamento dos comércios em Lucas do Rio Verde. Além dos trabalhadores, os vereadores também devem ouvir os comerciantes para concluir o projeto e levá-lo a votação, provavelmente na segunda quinzena de abril.
O vereador Demétrio Cesar (PDT), um dos autores do requerimento para a realização da Audiência Pública, comemorou a participação popular no debate, destacando a preocupação dos trabalhadores com o assunto. “Todos atenderam o chamamento dos vereadores para debater esse assunto esperado. Saímos com o dever cumprido e esperamos o projeto entrar em votação”, sinalizou o vereador.
