Mato Grosso está na contramão do país em transplantes

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Do: Diário de Cuiabá

 

Estado realiza apenas a cirurgia de córnea e as demais estão paralisadas há mais de 10 anos porque não existem unidades qualificadas pelo MS

 De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de transplantes cresceu 12,7% em todo o território brasileiro, comparando o período de janeiro a junho de 2011 e 2012. No entanto, em Mato Grosso, há dez anos que o único tipo de transplante realizado é o de córnea. Para todos os outros, os pacientes precisam ser atendidos em outros estados. 

Segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES), de janeiro até o dia 27 de setembro, foram realizados 160 transplantes de córnea no Hospital dos Olhos e no Hospital Geral Universitário (HGU). Atualmente, há 50 pessoas na fila para este tipo de transplante. 

Os pacientes que precisam das outras modalidades, como, por exemplo, transplante de rim ou enxerto ósseo, precisam entrar na fila de espera de outros estados. A cirurgia e a passagem para ir à outra cidade são financiadas pelo Estado, através do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a hospedagem, alimentação e outros gastos são por conta do paciente. 

Segundo a presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados de Mato Grosso (Apret-MT), Luzia Canavarros, 85% das pessoas que fazem hemodiálise e precisam do transplantes são carentes e não possuem plano de saúde ou meios de se manter em outros estados por conta própria. 

Luzia conta que espera há 15 anos por um transplante renal. Ela sofre com diabetes e ficou cega por conta da doença. Depois de esperar por mais de uma década nas listas de Cuiabá, os hospitais que possuíam credenciamento para realizar o transplante tiveram seus serviços interrompidos por não cumprirem determinações do Ministério da Saúde. 

No ano passado, Luzia entrou em uma lista de espera em São Paulo, no Hospital dos Rins, mas desde então ainda não conseguiu um rim compatível. Ela conta que pacientes nestas condições, onde as doenças levam à insuficiência renal, há somente duas opções: fazer hemodiálise para o resto da vida ou conseguir um transplante. 

Na Apret-MT há atualmente 2 mil associados. A associação faz com seus integrantes um trabalho mais voltado para a área social, e tem programas esclarecendo algumas medidas que podem ser tomadas para que certas doenças não cheguem aos estados crônicos, levando a insuficiência renal e outras complicações. “O trabalho preventivo é pra informar a sociedade de que certas patologias, se diagnosticadas e tratadas desde cedo, como, por exemplo, a hipertensão e diabetes, podem ser controladas e o paciente não chega ao ponto de necessitar de um transplante”, disse. 

De acordo com a SES, o Estado está aguardando o repasse de 15 milhões do governo Federal para que o antigo Hospital das Clínicas volte a funcionar com o Hospital de Transplantes de Mato Grosso. A inauguração do hospital estava prevista para este ano, no entanto, só depois do repasse de verbas será possível ter uma data precisa. 

A reportagem também procurou a SES para saber o número de pacientes que esperam para ir a outros estados realizar algum transplante, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. 

 

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