Esportes e dentes saudáveis

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Ernani Caporossi  (*)
Ernani Caporossi (*)

 

Uma pesquisa sobre a influencia da saúde bucal na performance de atletas, feita com participantes das Olimpíadas de 2012, em Londres, e divulgada durante a Rio 2016 em vários sites ligados à odontologia, me chamou a atenção.

Mais da metade (55%) dos entrevistados tinham cárie, 45% apresentaram erosão dentária e doenças periodontais, com a gengivite dominando 76% destes casos, enquanto 46,5% afirmaram não ter visitado o seu dentista no ano que antecedeu o evento.

Poucos (28%), no entanto, admitiram ter sentido impacto na sua qualidade de vida e, menos ainda, 18% disseram que a saúde bucal influi no treinamento e na sua performance.

O fato é que algumas doenças bucais geram risco à saúde dos atletas, podendo provocar alterações no sangue e, consequentemente, doenças cardíacas e até retardar o processo de recuperação muscular.

A simples mudança de temperatura, caso haja algum foco infeccioso, pode provocar dores e até sinusite, o que, naturalmente vai influenciar diretamente no rendimento do atleta.

Outro dia, conversava com um paciente sobre este assunto, quando ele me lembrou de um trecho – que me passou por e-mail – do livro Estrela Solitária, Ruy Castro, uma biografia de Garrincha, comentando sobre a Seleção Brasileira de 1958, campeã pela primeira vez em Estocolmo, Suécia.

Vamos ao texto. “Os dentistas se atropelavam na Faculdade de Odontologia para dar conta do trabalho. Entre os 33 jogadores, haviam 470 dentes com problemas – uma média de quase 15 por jogador. O total de extrações chegou a 32. E não porque a CBD quisesse que eles sorrissem bonito na fotografia. As seleções do passado nunca haviam tomado esta precaução – e os focos infecciosos iam doer na Europa”.

Ou seja, esta tomada de atitude resultou no primeiro dos cinco títulos mundiais que o Brasil conquistou no mundo do futebol. Se a seleção principal atual ainda deixa a desejar (será a vitória contra o Equador um indício de mudança?), com certeza o problema não é dentário.

Se para o cidadão comum, os cuidados com a saúde bucal é fundamental, para o esportista, cuja profissão é extremamente competitiva, já que apenas poucos conseguem chegar ao topo, os cuidados devem ser maiores.

Enquanto para o não atleta, a recomendação é visitar o dentista a cada seis meses, para o atleta a consulta deve ser mais frequente. O recomendável é uma visita a cada quatro meses.

Uma rotina que não apenas vai contribuir no desenvolvimento do atleta, como na sua vida depois de “pendurar” as chuteiras, luvas, quimonos, remos, etc. É sempre bom lembrar que saúde bucal em perfeitas condições é sinônimo de autoestima.

(*) Especialista em Dentística Restauradora e Prótese Dental, MBA em Gestão em Saúde, membro fundador da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE), da Academia Brasileira de Osseointegração (ABROSSI) e da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral (SBRO).

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