Especialistas agora recomendam calma a investidores

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O tombo das ações da Vale, que recuaram 24,5% no pregão desta segunda-feira, 28, como reflexo da tragédia em Brumadinho (MG), estremeceu o mercado ainda mais do que o esperado. Nos últimos meses, a empresa, que juntamente com a Bradespar (sócia da Vale) representa 11,39% do Ibovespa, era carta marcada nas listas de recomendações de compras de gestoras e corretoras. Mas a perda do valor de mercado de R$ 71 bilhões e a suspensão de pagamento de dividendos aos acionistas acendeu um sinal amarelo para investidores, novatos e experientes.
As recomendações de especialistas variam de acordo com o perfil e os objetivos de cada investidor; mas, de maneira geral, o conselho para os que já detêm ações da mineradora é “esperar a poeira baixar”. “Nossa equipe acredita que quem já tem ações da companhia deve manter a posição, ou seja, não vender”, afirma a sócia da Ativa Investimentos, Rebeca Nevares. “Isso porque o que está em jogo agora é muito mais um risco de imagem do que de alavancagem, por exemplo. A empresa ainda é muito competitiva internacionalmente pela qualidade do seu minério”, observa.
FGTS. O mesmo raciocínio, de aguardar cenas dos próximos capítulos, vale para quem investiu na mineradora com recursos do FGTS, por meio dos Fundos Mútuo de Participação (FMP). De sua criação, em 2002, até a última quinta-feira, esse investimento acumulava, em média, valorização de 1.606%. Descontada a inflação do período, a alta foi de 511%.
“Quem é cotista de um fundo assim pode assustar, pois não pode retirar o dinheiro num momento como esse. Mas não há motivo para pânico”, explica Michael Viriato, coordenador do laboratório de finanças do Insper. “Ao se olhar o histórico, o ganho foi muito alto – principalmente se comparado ao FGTS, que rende abaixo da inflação”, diz. O FGTS rende 3% ao ano mais a Taxa Referencial (TR).
Segundo dados da Anbima, o patrimônio atual desse tipo de fundo é de R$ 2,744 bilhões, com 123,6 mil cotistas. O investimento só pode ser retirado em situações como demissão sem justa causa, doenças graves ou compra de um imóvel.
Guilherme Macêdo, sócio da Vokin Investimentos alerta para o fato de que, independentemente dos desdobramentos do ocorrido em Brumadinho, o papel da mineradora ficará muito mais volátil, o que exige mais cuidado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.