Do: Agora MT
As jovens recebiam uma ligação do suspeito e tinham que seguir as orientações por videochamada
Jovens de várias cidades do Mato Grosso denunciam homem que se dizia curandeiro para aplicar golpes por meio de aplicativo de mensagens de celular com a promessa de livrar as vítimas de suposto feitiço. O homem orientava as vítimas, que em sua maioria são menores de idade, a ficarem nuas e passarem sal no corpo, ao mesmo tempo em que ele acompanha o ritual por chamada de vídeo.
A ação começa com uma ligação, em que o suspeito se apresenta como macumbeiro e diz ter sido contratado para fazer um feitiço que vai ocasionar vários males à vida da adolescente.
“À meia-noite, uma coisa vai acontecer, vai cair cabelo, vai ficar na cadeira de roda, uma coisa muito ruim vai acontecer, não estou brincando”, diz o criminoso.
De acordo com o delegado Cláudio Santana, da Delegacia de Mulher de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, o golpe tem como foco as adolescentes e já foi denunciado tanto na capital, quanto em cidades do interior do estado.
“Temos vários registros de casos semelhantes, sempre com o mesmo modo de agir”, disse.
Depois de deixar a vítima assustada, o suspeito passa orientações para desfazer o suposto feitiço.
“Entra dentro do seu quarto, que vou te ligar por ‘videoconferência’. Você tira a roupa e passa o sal no seu corpo, eu vou estar olhando você passar. Quando você terminar de passar, vai sentir alguém saindo de você”, diz a suposta orientação.
O suposto “curandeiro” insiste através do aplicativo de conversa que a vítima atenda o pedido da videochamada.
O familiar de uma adolescente que caiu no golpe conseguiu registrar as conversas e ligações e procurou a polícia. Na delegacia, a tia da vítima descobriu que não se tratava de um caso isolado, mas de um golpe que vem sendo aplicado em várias adolescentes.
A polícia investiga os casos, no entanto o golpista ainda não foi localizado.
Segundo o delegado, quando preso, o suspeito deve responder por crime de constrangimento ilegal, ameaça e outros crimes previsto pelo Estatuto de Criança do Adolescente (ECA).
O delegado orienta ainda que, caso receba uma ligação semelhante, a vítima não mande fotos, não informe endereço e registre boletim de ocorrência.