Cantor condenado por matar esposa e enteado no AP diz ter encontrado perdão na religião: ‘renascimento’

635 0

Julgado em 2014, José Ribamar Damas Rosa, conhecido como Jomar, cumpre pena de 32 anos pelo duplo homicídio. Sentenciado cumpre a pena no Cadeião do Iapen, em Macapá. Jomar atualmente cumpre pena de 32 anos em regime fechado
John PachecoG1
De roupa social, a bíblia sob o braço e cumprindo uma pena de trës décadas em regime fechado. Desde o fim de 2013 essa tem sido a rotina do cantor José Ribamar Damas Rosa, de 45 anos, condenado por assassinar a facadas a esposa e o enteado no distrito do Coração, na Zona Rural de Macapá.
Assassino confesso do crime, que chocou a sociedade na época, hoje Jomar, como era conhecido, diz ter “se perdoado” e se “arrependido verdadeiramente” do duplo homicídio. Ele revela ter encontrado na religião dentro do presídio uma forma de renascer internamente.
Preso se emocionou durante entrevista ao lembrar do caso
John PachecoG1
O detento recebeu o G1 na quinta-feira (17) dentro do cadeião do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). A reportagem e as imagens foram autorizadas pela direção do presídio.
“Minha relação com Deus era que eu só acreditava, mas não seguia, e isso para mim estava tudo certo, tudo bem. Aqui dentro vim aprender a palavra e entender o que Deus quer falar. Eu só ia igreja, eu só tinha fé, mas não tinha obra”, iniciou Jomar, que em seguida citou um versículo do livro de Tiago. Durante a entrevista, ele citou trechos da bíblia pelo menos 4 vezes.
Sobre o homicídio ocorrido em 23 de julho de 2013 dentro da casa onde os três moravam, o presidiário relatou que a violência ocorreu na hora da raiva, de forma súbita, onde acabou revidando uma suposta agressão. Jomar vivia desde 2011 com Maria Domingas Martins Marques, de 40 anos, e o filho dela Danilo Martins Rodrigues, de 15 anos.
Sempre acompanhado da bíblia, cantor lembrou vida dentro do Iapen
John PachecoG1
“Eu cometi um crime e tenho que pagar. Me perdoei quando me arrependi. Aqui dentro descobri que se arrepender é se arrepender de coração. É sentir que aquilo realmente te afetou e não quer fazer de novo. Me arrependo pelo fato de estar atrás das grades”, contou, emocionado.
Jomar conheceu a religião através de presos evangélicos que atuam dentro do Iapen. Lá dentro, ganhou a primeira bíblia e hoje se dedica em cultos dentro do presídio. Desde o início da pena, ele conta que sempre trabalhou no Cadeião, como cozinheiro e atualmente como marceneiro.
“Eu tenho que cumprir o que eu fiz, mas agradeço a Deus pela oportunidade de ter conhecido a palavra [evangelho] e poder passar para outras pessoas. Meu projeto quando sair daqui é disseminar a palavra com outras pessoas”, completou o cantor.
Trabalhando na cadeia, Jomar busca progressão de pena
John PachecoG1
Caso
Os corpos de mãe e filho foram encontrados na casa onde eles moravam, no distrito do Coração. Após o homicídio, Jomar fugiu do Amapá, mas foi preso em 3 de setembro de 2013, em Castanhal, no Pará.
À época da prisão, Jomar confessou ter matado o enteado e a esposa. O réu afirmou que perdeu o controle após ter sido chamado de ‘corno e chifrudo’ pela ex-mulher. O julgamento aconteceu em abril de 2014, onde foi condenado a 32 anos de prisão.
Renascimento na religião motivou preso a buscar vida melhor
John PachecoG1
O advogado do cantor, Osny Brito, detalhou que a conduta de Jomar em ser réu primário e ter “sido movido pela emoção” pode resultar numa mudança de regime nos próximos anos
“O caso dele me chamou atenção por ele ser uma pessoa de bem antes desse fato, não ter cometido antes qualquer crime antes desse fato. Ele está cumprindo pena em regime de progressão, onde pode passar do fechado até o aberto. Atualmente é um bom preso, faz um grande trabalho aqui dentro e é querido por todos”, acrescentou Osny.
Osny Brito, advogado de José Ribamar Damas Rosa
John PachecoG1
Tem alguma notícia para compartilhar? Envie para o Tô Na Rede!