Um tribunal em São Petersburgo decidiu nesta terça-feira soltar, sob pagamento de fiança, a ativista brasileira Ana Paula Maciel, que está presa na Rússia devido a um protesto da organização de defesa do meio ambiente Greenpeace, ao qual ela pertence.
A informação foi divulgada pelo próprio Greenpeace em nota no Twitter e no seu site oficial. De acordo com a agência de notícias EFE, o valor da fiança imposto a Ana Paula Maciel é de dois milhões de rublos – o equivalente a R$ 138 mil.
Segundo o grupo ambientalista, a brasileira será a primeira pessoa estrangeira a ser solta pelas autoridades russas. Ela está presa em São Petersburgo, junto com outros 29 ativistas, desde o dia 19 de setembro, quando o Greenpeace realizou um protesto no mar contra a exploração de petróleo no Ártico.
O tribunal de São Petersburgo está decidindo esta semana sobre a situação dos 30 presos, já que o prazo da prisão preventiva de todos expira na próxima sexta-feira.
Outros três ativistas de nacionalidade russa – Denis Sinyakov (fotógrafo), Ekaterina Zaspa (médica) e Andrey Allakhverdov (ativista ) – haviam sido soltos, sob pagamento de fiança.
Um quinto ativista, o australiano Colin Rusell, teve sua prisão preventiva estendida por mais três meses – acatando pedido feito pelas autoridades investigativas russas a todos os casos.
Vandalismo e pirataria
Em nota, o Greenpeace cita a mãe de Ana Paula, Rosangela Maciel, que diz que sua filha está sendo “acusada injustamente”.
“Esta é a mais bela notícia que eu recebo nos últimos dois meses, mas a Justiça só será feita quando todas as acusações absurdas forem derrubadas”, disse Rosangela Maciel, segundo a nota.
O Greenpeace diz aguardar mais detalhes do tribunal russo sobre as condições de liberdade condicional. Ainda não se sabe se Ana Paula poderá deixar o país ou receber visitas.
O navio do Greenpeace foi capturado por forças de segurança russas depois que membros de sua tripulação tentaram escalar uma plataforma de petróleo para impedir a exploração de petróleo no Ártico.
As acusações variam de vandalismo a pirataria. No mês passado, 11 vencedores do prêmio Nobel escreveram ao presidente russo, Vladimir Putin, pedindo que as acusações de pirataria – consideradas duras demais – fossem retiradas.
“O pedido de fiança ter sido aceito para alguns de nossos amigos foi uma ótima notícia. Mas só vamos celebrar quando todos estiverem livres para voltar para casa e quando suas acusações forem retiradas”, diz nesta terça-feira o diretor executivo do Greenpeace Internacional,Mads Christensen.
“Mesmo em liberdade, eles continuam suspeitos de vandalismo, e a acusação de pirataria ainda não foi retirada oficialmente. Ainda que seja óbvio que nenhum deles é pirata ou vândalo, todos ainda têm a possibilidade de passar 20 anos numa cadeia.”
Os 28 ativistas e dois jornalistas presos são de diversas nacionalidades: Argentina, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, Brasil, República Checa, Polônia, Turquia, Finlândia, Suécia e França.
BBC BRASIL