Air France faz homenagens a vítimas do 447 em Paris e no Rio

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Na França, a passagem de três anos do acidente com o voo AF 447, que caiu sobre o Oceano Atlântico em 2009 matando 228 pessoas, é lembrada nesta sexta-feira em decorrência da diferença do fuso horário.
Fonte: Terra
No Brasil, a tragédia foi lembrada ontem. A empresa Air France, responsável pela aeronave, faz homenagens às vítimas em Paris e no Rio de Janeiro.
Em Paris, há cerimônias no cemitério do Père-Lachaise, e no Rio de Janeiro, no bairro do Leblon, na zona sul da cidade, no Memorial das Vítimas Brasileiras, às 10h. Nos dois países, parentes e amigos das vítimas ainda aguardam a conclusão das investigações sobre as causas do acidente e há também expectativa sobre as questões judiciais. Para o dia 5 de julho, o Escritório de Investigações e Análises da França (cuja sigla em francês é BEA) prometeu divulgar o relatório final.
Paralelamente, a Justiça francesa investiga o acidente para determinar as responsabilidades penais da tragédia, e indiciou a Airbus e a Air France por homicídio culposo. O relatório judicial é esperado para 30 de junho, mas os parentes das vítimas se reúnem com a juíza responsável pelas investigações no dia 10 de julho – cinco dias após a divulgação do relatório final do BEA.
“O BEA tem apontado, em suas últimas declarações, a ação dos pilotos para tentar explicar a queda do avião. Essa posição é favorável à Airbus. Temos grandes suspeitas em relação às conclusões finais que serão divulgadas”, disse o presidente da associação francesa Ajuda Mútua e Solidariedade, Robert Soulas, que reúne parentes das vítimas.
“As investigações precisam determinar quais são as causas técnicas do acidente e como elas influenciaram a ação dos pilotos”, acrescentou Soulas, que conseguiu recuperar o corpo de seu genro, mas não o de sua filha.
“Queremos a verdade. Esperamos que eles não culpem os pilotos. Os aviões da Airbus já tinham enfrentado inúmeros problemas antes desse acidente e continuaram apresentando falhas e registrando vários incidentes depois”, disse o presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Marinho. “Temos desconfiança porque o governo francês é acionista da Airbus e da Air France e o BEA é ligado ao governo. Não há isenção para realizar as investigações.”
No relatório preliminar, divulgado em julho do ano passado, dois meses após as duas caixas-pretas do Airbus A330 terem chegado à França para serem analisadas, o BEA destacou os erros dos pilotos na tragédia. Segundo o órgão, os pilotos cometeram uma série de erros, e o acidente poderia ter sido evitado se eles tivessem tomado as medidas adequadas. Mas, ao mesmo tempo, o BEA negou que falhas humanas tenham sido a única causa do acidente.
Os representantes dos parentes das vítimas dizem esperar que, além de revelar as causas exatas da tragédia, a conclusão final, que será divulgada em julho, permita fazer recomendações técnicas para melhorar a segurança do setor aéreo e evitar novos acidentes.
O acidente do AF 447
O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy – Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.
Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.
Após o acidente, dados preliminares das investigações indicaram um congelamento das sondas Pitot, responsáveis pela medição da velocidade da aeronave, como principal hipótese para a causa do acidente. No final de maio de 2011, um relatório do BEA confirmou que os pilotos tiveram de lidar com indicações de velocidades incoerentes no painel da aeronave. Especialistas acreditam que a pane pode ter sido mal interpretada pelo sistema do Airbus e pela tripulação. O avião despencou a uma velocidade de 200 km/h, em uma queda que durou três minutos e meio. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores – até então feitos pela francesa Thales – por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

 

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