As uvas que apresentaram melhor qualidade foram as colhidas no inverno
A produção, que começou há oito anos, é considerada baixa, mas produto possui maior valor agregado e é interessante para o vitivinicultores
Os produtores de vinho da cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, começam a investir no cultivo de uvas para vinhos finos. A produção ainda é pequena, mas o objetivo é conquistar o mercado consumidor com a qualidade da bebida.
Porém, o setor ainda é tímido no município. São 18 vitivinicultores, que produzem 50 mil litros da bebida por ano. Somente 10% da produção são de vinhos finos. Enquanto a garrafa de vinho de mesa custa, em média, R$15,00, a do fino é vendida a partir de R$30,00. É um produto com valor agregado que pretende conquistar o consumidor. Os produtores estão otimistas com o futuro da atividade.
– Estamos muito próximo daquilo que se produz aqui no Cone Sul, como Chile e Argentina. Por mais que a gente tenha pouca produção, dá para acreditar que demos um passo muito importante para produzir vinho de qualidade nesta época do ano – afirma o vitivinicultor Adilson Amato.
O cultivo para vinhos finos começou há oito anos. As mudas vieram da França e foram multiplicadas por clonagem. O clima desta região do Estado ajuda, já que nesta época do ano as noites são frias e durante o dia a temperatura sobe. O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estuda as condições ideias de cultivo.
O produtor Amato explica que a cultivar que teve melhor adaptação à região foi a sirah. A planta foi a que melhor reagiu a uma técnica conhecida como inversão de poda, que nada mais é que fazer o corte do galho duas vezes por ano, em duas safras: uma no verão e outra no inverno.
– Temos plantado a uva cabernet, a merlot, saivignon blanc, chardonet. Porém, a que melhor se adaptou aqui, a essa inversão de poda, foi a sirah – explica Adilson.
No verão, a produção pode chegar a 12 toneladas por hectare, já no inverno a quantidade cai para oito toneladas. Entretanto, a qualidade do fruto é melhor na época de frio, porque o tempo mais seco deixa a fruta mais doce. Isso foi comprovado em teste feito pelo IAC.
– Nós estamos atualmente com 21°Bx, ou seja, estamos muito próximos do ponto ideal de colheita, que é de 22°Bx. Esse ponto é necessário para que o teor de açúcar se converta no vinho em, pelo menos 10.5°, de teor alcoólico para melhor conservação do vinho – explica o pesquisador Mário José Pedro Júnior.
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Outro segredo para o manejo da uva sirah é a cobertura do solo bem caprichada. Os produtores utilizam restos de podas de árvores da cidade, com cascas, galhos e folhas.
– A gente coloca um palmo, ela apodrece. Depois, mais um palmo de folha picada e tudo vai apodrecendo. Vai acumulando. Para a planta, é a coisa mais natural que tem. Planto há oito anos e nunca esterquei e nem adubei. E tem um vigor tremendo – explica o vitivinicultor Antônio José Benvegnu.
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