Preços baixos e falta de armazéns desestimulam produtores de milho em Mato Grosso do Sul

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Apesar da alta produtividade do milho segunda safra, cadeia produtiva reivindica preço mínimo e teme redução do plantio no próximo ciclo

Foto: Seth Perlman / AP Photo Produtores cobram crédito para armazenagem, que ainda não chegou
Foto: Seth Perlman / AP Photo
Produtores cobram crédito para armazenagem, que ainda não chegou

A colheita do milho segunda safra começou em Mato Grosso do Sul com muita preocupação para os produtores. Além do preço, que voltou a cair no mercado, essa vai ser mais uma safra com falta de armazéns para guardar o produto.

O produtor Cláudio Balzan plantou mais de 2.200 hectares de milho safrinha na cidade de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul. Praticamente a mesma área do ano anterior. Nesta safra, o produtor investiu em uma variedade melhor, fez uma boa cobertura de solo, uma aplicação a mais de fungicida e contou com a ajuda do clima. A produtividade média dele já superou a da safra anterior, que era de 100 sacas por hectare.

– Hoje, estamos conseguindo colher algo em torno de 120 sacas por hectare. Já nem chega a ser uma safrinha, é uma safra mesmo, no modo de dizer – afirma Balzan.

E ele não é o único a comemorar a produtividade dessa safra. O presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Júlio César Bortolini, também comemora o bom desempenho desse início de colheita. A expectativa de produtividade, até agora, é recorde para o município. Porém, ele pede cautela.

– Nós não podemos ser muito otimistas porque, quando falamos de município, temos que avaliar os percalços que vão existir em algumas áreas.  Nós começamos com 65 sacas por hectare em janeiro, hoje estamos confirmando 85 sacas, é algo histórico tanto para a safra quanto para a safrinha – explica Bortolini.

O problema é o preço. Quem se antecipou e fez a chamada troca, teve êxito e conseguiu bons valores.  Mas quem não apostou nisso e preferiu arriscar pode acabar nem cobrindo os custos de produção.

É a dificuldade enfrentada pelo Cláudio Balzan. Ele já vendeu metade da produção de forma antecipada para garantir os custos, vendeu a saca por R$19,00. Para os outros 50% da produção, ele esperava vender por um preço melhor, que não apareceu. O produtor rural pede uma intervenção do governo.

– Se continuar sem nenhuma atitude do governo, de garantir um preço mínimo, eu acredito que a área de São Gabriel do Oeste deva cair entre 20% e 30%, é o que a gente tem ouvido dos produtores. Não adianta produzir mais para empatar custo e arrecadação. Com preços em R$15,50, mal dá para cobrir os custos. Esperamos que, com leilões Pepro, o valor suba para o valor mínimo de R$17,43 – protesta Balzan.

O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Lucas Galvan, pensa da mesma forma que o produtor rural. Ele entende que é o momento para o governo agir e equacionar os preços do milho.

– Para que o produtor possa pagar os seus custos, o milho deve estar acima dos R$ 17,00. Não é o preço que estamos vendo no mercado, algo em torno de R$16,00. Precisamos de uma política que garanta o preço mínimo, para que o produtor possa, ao menos, cobrir os seus custos e garantir um resultado positivo – comenta Galvan.

Além da necessidade de leilões de Pepro, os produtores alertam para um problema muito conhecido, a falta de armazéns.

– Nós temos uma área estimada de 80 mil hectares, previsão de colher 6,5 milhões de sacas de milho. Desse número, nós não temos local para armazenar de, pelo menos, 30%.  Isso vai ser estocado a céu aberto. Se você voltar daqui um mês, vai ver quanto milho estará estocado em céu aberto aqui em São Gabriel do Oeste. O governo anunciou que teria linha de crédito para armazenagem e, até agora, nenhum produtor conseguiu dinheiro – reclama Júlio César Bortolini, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel do Oeste.

Canal Rural

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