Aceleramos o Volvo XC60 a diesel

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Do: Auto Esporte


Nova opção de motor chega para dificultar a vida do rival Discovery Sport e consolidar a boa fase do SUV de luxo em solo brasileiro
Os motores a diesel estão em xeque no mundo inteiro por questões ambientais, e a própria Volvo já anunciou que não fará mais novas gerações de veículos movidos pelo combustível derivado do petróleo — serão todos elétricos ou híbridos. Só que, em alguns segmentos, a opção ainda faz a diferença. Esta é a justificativa da marca para lançar o XC60 D5, principal novidade da linha 2019, que passa a vir importada da China e não mais da Suécia. Sua vinda busca ampliar o volume do SUV médio de luxo e fazer frente ao Land Rover Discovery Sport, único rival direto com motorização diesel.


Segundo executivos da Volvo brasileira, a categoria se divide atualmente na seguinte proporção: 78% dos modelos são a gasolina, e os 22% restantes são a diesel. Com a oferta da versão D5, o XC60 pode ampliar sua participação, chegando a 30% de share ainda neste ano. É uma bela fatia que a sueca há tempos não mordia! Para garantir o sucesso da estratégia, a montadora aproveitou para deixar seu utilitário médio ainda mais completo. Alguns itens importantes das versões de topo se tornaram padrão na gama 2019.
É o caso do quadro de instrumentos em tela digital de 12,3 polegadas, que pode mudar os gráficos e inegavelmente deixa o painel do XC60 mais moderno. Outro recurso interessante é o controle de cruzeiro adaptativo, que acelera e freia sozinho auxiliado por câmeras e sensores. O sistema acompanha o veículo à frente, mantém a distância e funciona em conjunto com a parafernália eletrônica de condução semi-autônoma (Pilot Assist), que inclui o assistente de permanência em faixa (esterça o volante sozinho para manter a trajetória).

Aposta na versão de base
Pelo motor 2.0 turbodiesel — o mesmo do XC90 —, a Volvo cobra R$ 30 mil a mais na versão de entrada Momentum. O preço sugerido sobe de R$ 245.950 (T5 2.0 a gasolina) para R$ 275.950. Esta é a configuração que concentrará as vendas e, não por acaso, é a que veio para este primeiro contato. Com os equipamentos adicionados na atualização de ano/modelo, o XC60 Momentum está mais competitivo face o Inscription, cuja diferença de preços entre os motores é de R$ 20 mil (R$ 269.950 o T5, R$ 289.950 o D5).
Mas é importante estar atento aos detalhes. A chave da versão de entrada, por exemplo, é toda de plástico e não tem revestimento bacana em couro; também não é presencial — precisa apertar os botões para abrir e travar as portas. Na parte externa, nada de cromados nos para-choques e laterais, e as rodas de liga-leve são de 19 e não de 20 polegadas (como no Inscription). Já o acabamento segue impecável, mesmo sem detalhes em madeira no painel e nas portas, ou bancos cobertos em couro perfurado.


Se é mais “básico”, o XC60 Momentum a diesel capricha no conteúdo e traz a maioria dos itens esperados. Há couro (liso) nos bancos, portas, volante e manopla do câmbio, ajustes elétricos para os bancos dianteiros e muitas peças em alumínio e black piano pelo painel. Apesar da chave mais modesta, a partida do motor é feita pelo botão no console entre os bancos, e o ambiente, no geral, transmite status.
Já a central multimídia com tela vertical de 9 polegadas sensível ao toque é uma das interativas e fáceis de se operar na indústria. E para famílias grandes, o XC60 é uma referência em espaço. São 2,86 metros de entre-eixos, o suficiente para acomodar (muito) bem até cinco adultos, e receber até 505 litros no porta-malas. A linha 2019 ainda passa a trazer boosters integrados aos assentos traseiros para a criançada.

Boas respostas em silêncio
Não estranhe se o XC60 D5 parecer silencioso para um SUV movido a diesel. Ao dar a partida com os vidros fechados, o motor 2.0 turbodiesel quase não emite ruídos ou vibrações para a cabine. Isso se deve ao belo trabalho na vedação, mas mesmo do lado de fora o motor trabalha “quieto” — é mais discreto que o 2.0 turbodiesel do rival Land Rover Discovery Sport. E o seu rendimento pode surpreender quem acha que SUVs a diesel não arrancam com vontade. O zero a 100 km/h oficial é feito em 7,2 segundos.
Quem está acostumado com motores a diesel notará também que este 2.0 turbo da Volvo é diferente. As acelerações contam com uma forcinha extra do sistema Power Pulse, que a marca criou para reduzir o atraso do turbo. O sistema usa um compressor elétrico para enviar parte do ar da admissão para o pequeno cilindro acoplado no motor. Quando damos pedal para uma aceleração mais forte, o ar do cilindro é liberado antes do turbocompressor entrar em ação, fazendo a turbina girar quase que instantaneamente.
A montadora não diz o quanto o “turbo lag” é reduzido com a assistência do Power Pulse, mas é possível notar o motor 2.0 turbodiesel se enchendo mais rápido quando solicitado. São 235 cv de potência e 48,9 kgfm livres desde 1.750 rotações. A energia é gerenciada pelo câmbio automático de oito marchas, sem borboletas no volante para trocas manuais. A tração é integral e funciona sob demanda — o torque é enviado quase inteiro às rodas dianteiras, mas a energia pode ser repartida (em até 50%) com o eixo traseiro em caso de necessidade.
Para situações dentro e fora-de-estrada, o XC60 conta com um programa de tração que ajusta o veículo automaticamente. São cinco modos: Comfort, Dynamic, Eco, Off-Road e Individual, que permite mesclar características dos demais. Vale dizer, contudo, que o habitat natural do Volvo é o asfalto. Nesse sentido, o Discovery Sport nem precisa se preocupar. A vantagem do diesel no XC60 é a autonomia. Com o tanque de 71 litros, a marca sueca diz que o SUV roda mais de 1.000 km — a média do fabricante é de 14 km/l na estrada.

Cardápio completo
Mais que a valentia off-road, o motor 2.0 turbodiesel vai fortalecer a competitividade do XC60 na categoria. A autonomia é um trunfo, assim como o bom nível de requinte na cabine e os conteúdos sofisticados de fábrica, como o controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa e o quadro de instrumentos em tela digital. Se não é tão luxuosa quanto a Inscription, a versão Momentum tem relação custo/benefício agressiva, com teto solar panorâmico, tração integral e a multimídia de 9 polegadas. E é bem mais forte que o Discovery Sport HSE 2.0 TD4 (R$ 280.500), com 180 cv e 43,8 kgfm.
Ficha Técnica
Motor: 2.0, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, comando duplo, injeção direta, turbo, diesel
Potência: 235 cv de 4.000 rpm
Torque: 48,9 kgfm entre 1.750 e 2.250 rpm
Câmbio: Automática de oito velocidades; tração integral
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente por braços duplos sobrepostos (diant.) e multilink (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant. e tras.)
Pneus: 235/55 R19
Dimensões
Comprimento: 4,69 m
Largura: 1,90 m
Altura: 1,66 m
Entre-eixos: 2,86 m
Tanque: 71 litros
Porta-malas: 505 litros
Peso: 1.990 kg
Central multimídia: 9 polegadas, sensível ao toque; Android Auto e Carplay
Desempenho*
Aceleração 0-100 km/h: 7,2 segundos
Velocidade máxima: 220 km/h
Consumos**
Urbano: 11 km/l
Rodoviário: 14 km/l
Autonomia: 994 km